terça-feira, 3 de outubro de 2017

Brasil começa a consumar virada histórica na economia

Indicadores mostram que a economia está dando os primeiros passos rumo à retomada do crescimento. Mas nada de euforia: a reação será sensível à política

Fábrica da Nissan, em Resende (RJ): chegou a hora de operar em dois turnos (Germano Lüders/Revista EXAME)

São Paulo – O Brasil está consumando neste momento mais uma de suas viradas históricas na economia. Ela foi iniciada após dois anos completos de uma queda incessante, quando bancos pararam de emprestar dinheiro, famílias cortaram o consumo, empresas frearam investimentos e o produto interno bruto encolheu mais de 7%.
Foi um período em que Brasília não deu trégua, com uma crise política atrás da outra, levando ao impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff e à denúncia por corrupção de seu sucessor, Michel Temer.
O período também foi marcado pela piora das condições fiscais, com a dívida pública enveredando por uma trajetória insustentável. Infelizmente, esses problemas continuam sem solução definitiva. O presidente Temer, depois de escapar de um processo de investigação, perdeu boa parte do apoio de parlamentares.
O governo até agora não conseguiu passar no Congresso a tão prometida reforma da Previdência, para controlar os gastos públicos, e em agosto ainda anunciou a elevação de 20 bilhões de reais na meta fiscal de 2017, para um déficit de 159 bilhões, um sinal da dificuldade de equilibrar as contas.
Em meio a tudo isso, não seria surpresa se a economia continuasse a afundar. Mas ela dá os primeiros passos rumo à retomada do crescimento — a média das projeções dos analistas é de 0,3% de avanço do PIB neste ano e de 2% em 2018.
O que está, de fato, acontecendo? Até que ponto a reação vem para valer? Para os estudiosos, a recuperação que o Brasil está vivendo ocorre tipicamente após o estouro de uma bolha na economia. No nosso caso, foi a bolha de consumo e investimentos gerada pela concessão de crédito subsidiado e pelo controle artificial da inflação, entre outras tantas distorções que perduraram no país durante o segundo governo de Luiz Inácio Lula da Silva e nos mandatos de Dilma Rousseff.

“Essa retomada só ocorre porque a equipe técnica do governo atual tem conduzido a política econômica na direção correta e, com isso, as expectativas são de que uma hora a situação vai melhorar”, diz o economista Luiz Carlos Mendonça de Barros, ex-presidente do BNDES e colunista de EXAME.
Ou seja: a confiança num futuro melhor está fazendo a economia começar a andar. “Há preocupações temporárias sobre a capacidade de o cenário político desacelerar as coisas, mas não há dúvida de que a economia brasileira vai continuar a se recuperar no longo prazo”, afirma Mark Mobius, presidente do grupo de mercados emergentes da gestora de fundos americana Franklin Templeton.

Com a esperança de que o país está, aos trancos e barrancos, num bom caminho, o aquecimento nas atividades vai se disseminando. Nos três primeiros meses do ano, o PIB cresceu 1% (após oito trimestres seguidos de queda), influenciado principalmente pela força da agropecuária.
Os resultados oficiais do segundo trimestre só serão divulgados no início de setembro, mas as projeções já indicam um aumento de 0,25%. Pode parecer que haja uma piora da situação, mas o que ocorre é que a agropecuária não contribui tanto no período de abril a junho, porque o auge da safra se dá no início do ano.
O que puxará o resultado do segundo trimestre são os demais setores, e é aí que reside outra boa notícia. Em junho, na comparação com março, a produção industrial cresceu 2,5%; a prestação de serviços, 3,1%; e as vendas no varejo, 3,7%. Para a indústria, foi o primeiro semestre de alta, após três seguidos de queda.

Os serviços e o varejo crescem há três meses sem parar. Algumas consultorias, como a LCA, já revisaram as projeções da variação do PIB no ano para até 1% em 2017, acima da média de 0,3%. Num painel mais completo, o banco Itaú aponta que 25 dos 48 indicadores acompanhados estão no campo positivo — em setembro de 2015, com a crise aguda, apenas 15 indicadores eram positivos.

Para alguns setores, o pior da crise já está ficando bem para trás. Um levantamento da consultoria Tendências com 30 indicadores econômicos mostra  quanto muitos deles já melhoraram desde o ponto que foi considerado o fundo do poço em cada área.
As concessões de crédito pessoal foram as que mais avançaram, com alta de 37% desde outubro de 2016. O índice de confiança do consumidor está há 15 meses em recuperação e já subiu 26% de lá para cá. “Esses dados indicam que há combustível para que a retomada se intensifique nos próximos meses”, diz Adriano Pitoli, economista da Tendências.
Mas é bom deixar algo claro sobre essa retomada: ela é lenta e gradual. A destruição na economia foi tamanha que vai levar tempo para o país conseguir alcançar o patamar pré-crise. Dados da Tendências mostram que as vendas de imóveis caíram 46% desde 2014, e a expectativa é de uma alta de apenas 25% até 2018. A produção de bens de capital, abatida por uma queda de 39% de 2014 a 2016, deverá subir 14% até o fim do próximo ano.
O mercado de automóveis, que diminuiu as vendas em 40% desde 2013, subirá 37% até 2018, mesmo assim chegando a um ponto ainda 18% inferior ao de cinco anos antes. Num exemplo da retomada, a montadora japonesa Nissan começou em julho a operar o segundo turno em sua fábrica de Resende, no Rio de Janeiro. A empresa contratou mais 600 funcionários, ampliando o quadro para 2 100.
A decisão reflete a melhora do mercado: de janeiro a 12 de agosto deste ano, foram vendidos 8 100 carros por dia no país, ante à média de 7 800 unidades no mesmo período do ano passado, uma alta de 4%. A fábrica da Nissan, resultado de um investimento de 2,6 bilhões de reais, começou a operar em 2014, mas, com a queda do mercado, só recentemente conseguiu atingir 65% de sua capacidade de produção.
Com o novo turno, subirá para 80% do potencial de produção de 200 000 veículos por ano. “Dado o ritmo lento da economia, prevemos chegar à plena capacidade daqui a três anos”, diz Marco Silva, presidente da Nissan Brasil.


Não adianta ter pressa quanto à retomada. Os investimentos, que caíram de 21% para 16% do produto interno bruto nos últimos quatro anos, vão demorar para reagir. A ociosidade da indústria está em 25% da capacidade produtiva, acima da média histórica de 20% —mas já melhor do que os 28% de janeiro de 2016. Isso significa que, antes de construir outra fábrica, as empresas vão colocar as já construí-das para funcionar plenamente.
O setor de construção pesada continua com muitas obras paralisadas, e novos projetos devem seguir devagar. Um levantamento da consultoria Neoway revela que 22% das obras em andamento no país, previstas para ficar prontas de 2017 a 2022, estão suspensas.
O total de investimento nos projetos parados é de 30 bilhões de reais. Os entraves políticos postergaram para o ano que vem novas concessões no programa federal, como a da Ferrovia Norte-Sul. Grandes estatais, como a Petrobras e a Eletrobras, que poderiam fazer mais investimentos, estão com ativos à venda para colocar os balanços em ordem.
Também é preciso considerar que a recuperação é sensível ao cenário fiscal — que, por sua vez, depende dos ventos da política. Os investidores estão acreditando no esforço do governo para controlar suas contas e, por enquanto, continuam apostando no país.
Nem mesmo a mudança da meta fiscal foi capaz de reverter a percepção dos investidores — o governo está prometendo um superávit somente em 2021, sendo que antes a projeção era chegar ao azul em 2020. A leitura que tem sido feita é a de que a meta foi prejudicada pela queda das receitas, não por um descontrole nas despesas.
Quem investe também se sente mais confortável com o fato de o país ter uma amarra constitucional: a regra do teto de gastos, que limita o aumento das despesas da União de acordo com a inflação do ano anterior. Mas a tolerância dos investidores está atrelada à aprovação de outras reformas.
A agência de classificação de risco Standard & Poor’s removeu neste mês a observação negativa da nota brasileira de longo prazo graças à estabilização da economia e ao fato de o presidente ter escapado da denúncia de corrupção. No entanto, a agência ressalta que os riscos fiscais continuam.
De acordo com a S&P, estamos num nível de endividamento acima de países que têm a mesma nota de crédito, como a Colômbia, cuja dívida pública líquida está em 37% do PIB, ante 60% no caso do Brasil. “Claramente, elevar a meta de déficit não foi um bom sinal, mas compreendemos que a situação política no país é complicada”, diz Roberto Sifon-Arevalo, diretor de ratings soberanos para as Américas da S&P. “O que estamos aguardando nos próximos meses é a aprovação de uma reforma da Previdência que imponha realmente uma mudança significativa na trajetória dos gastos.”
No que diz respeito à sensibilidade ao cenário político, as eleições de 2018 começam a ganhar mais peso para as projeções. Segundo os analistas, um candidato populista, sem comprometimento com as reformas e com o ajuste fiscal, poderia elevar a percepção de risco do país e desorganizar a economia.
“A percepção dos investidores é de que tudo dará certo do ponto de vista fiscal e, enquanto isso, a economia continua numa recuperação tímida”, diz o economista Celso Toledo, sócio da consultoria LCA e colunista de EXAME. “Mas o risco de dar algo errado nas eleições é relevante, mesmo que não preponderante.”
A base do leve crescimento em curso tem surpreendido os economistas: é, novamente, o consumo, assim como ocorreu após a crise de 2008. Quando se iniciou a turbulência atual, acreditava-se que a retomada viria dos investimentos, uma vez que o endividamento das famílias estava em níveis altos.
Mas um conjunto de fatores, entre eles a inflação em queda, que traz um alívio nas contas domésticas, e a redução da taxa de juro básico da economia, que deixa o crédito mais barato, está animando as famílias. Sem contar os 43 bilhões de reais do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço liberados pelo governo para os trabalhadores.
Para ter uma noção do ganho da renda nos últimos tempos, o salário mínimo em dólares teve um aumento real de 10% de um ano para cá e de 51% desde o seu ponto mais fundo durante a crise, atingido em setembro de 2015. “A recessão se prolongou tanto que acabou dando tempo para as famílias diminuírem seu endividamento ao nível de quatro anos atrás, voltando a consumir ou a contrair novos empréstimos”, diz Fernando Honorato, economista-chefe do banco Bradesco.
Como num efeito cascata, as famílias voltam a comprar e o varejo reage. Os shoppings já estão sentindo um aumento no fluxo de clientes e, neste ano, aqueles que abriram as portas até 2012, os empreen-dimentos mais consolidados no mercado, conseguiram preencher 410 lojas que estavam vazias — embora 5 800 ainda estejam desocupadas, numa indicação de que há muito a ser feito, segundo dados do instituto Ibope Inteligência. Tudo isso faz melhorar a situação das empresas do setor.
A administradora mineira Tenco, que opera 15 shoppings, abriu cinco centros de compras desde o final de 2015 e viu aumentar em 30% o número de novas lojas ocupadas nesses empreendimentos no segundo trimestre de 2017, ante o mesmo período do ano anterior. Nos shoppings mais antigos, por sua vez, a empresa identificou que a taxa de inadimplência do aluguel caiu de 18% das lojas para 13% desde o fim do ano passado. “Há uma melhora constante em nossos resultados, ainda que tímida”, diz Eduardo Gribel, presidente da Tenco
Quando o comércio começa uma recuperação, também a indústria passa a produzir mais para atender as lojas e, com isso, os serviços acabam se movimentando. O Brasil já tem mais caminhões nas estradas e mais armazéns ocupados. Dados da consultoria Colliers mostram que, entre devoluções e novos aluguéis de galpões em condomínios logísticos, após o primeiro trimestre do ano ter sido de redução da área ocupada, houve uma reversão para um saldo positivo de 185.000 metros quadrados nos três meses seguintes, uma demonstração de que as indústrias estão precisando de mais espaço para armazenar produtos a caminho da distribuição.
O desemprego, que chegou a 13,8% da população em condições de trabalhar em março, recuou para 12,6% no final de junho. O impulso mais forte por enquanto tem sido na criação de vagas informais, algo típico de momentos de retomada, uma vez que sobem os “bicos” e os serviços por conta própria.
Mas os dados oficiais mostram também que, depois da destruição de 2,9 milhões de empregos formais nos últimos dois anos, foram criadas 112.580 vagas em 2017 — enfim, um saldo positivo. “Um aspecto dessa retomada é que a indústria está contratando, e ela tende a ter níveis de formalidade e de salários maiores”, diz o economista Bruno Ottoni, da Fundação Getulio Vargas.
A Fras-Le, empresa de autopeças do grupo gaúcho Randon, teve um aumento de 7% nas receitas líquidas com as vendas no mercado interno no primeiro semestre, ante o mesmo período do ano passado. Isso deu confiança para a companhia contratar 120 pessoas, aumentando o contingente para 3 148 funcionários. “Num primeiro momento da retomada, nós elevamos o pagamento de horas extras para os funcionários”, diz Sergio Carvalho, presidente da Fras-Le. “Mais confiantes de que as vendas continuarão elevadas, decidimos então aumentar o quadro de pessoal.”
O exemplo da Fras-Le ilustra como, após o sufoco, aos poucos as empresas vão conseguindo respirar aliviadas. Dados do anuário melhores e maiores 2017, de EXAME, mostram que o faturamento das 500 maiores companhias do país caiu 8% em 2016, para 809 milhões de dólares, mas elas fizeram um verdadeiro malabarismo e conseguiram sair do prejuízo conjunto de 24 bilhões de dólares, em 2015, para um lucro de 32,5 bilhões, no ano passado.
De acordo com um levantamento do banco Itaú com cerca de 400 empresas, excluindo as instituições financeiras, a relação da dívida líquida com o lucro operacional caiu de 5 vezes em 2015 para 2,5 no início do ano e deverá chegar a 2 vezes em 2018. “A queda é explicada tanto pela redução do endividamento quanto pela melhora das margens das empresas”, diz Artur Manoel Passos, economista do Itaú. “Elas fizeram ajustes operacionais que diminuíram custos e conseguiram elevar as receitas com a recuperação gradual da economia.”
Na premiação das melhores empresas, realizada no dia 7 de agosto em São Paulo, o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, disse: “Há evidências suficientes para perceber que a recessão já ficou para trás, não é apenas objeto de desejo ou de observação superficial. No segundo semestre, os indicadores vão apresentar melhora ainda mais substancial”. No grupo das melhores empresas do país, o faturamento está aumentando neste ano.
A rede de farmácias RaiaDrogasil, a Empresa do Ano de melhores e maiores, obteve  crescimento de 16% na receita no segundo trimestre, ante o mesmo período de 2016. No caso do frigorífico Minerva, o campeão na categoria agronegócio, o faturamento cresceu 17% no segundo trimestre deste ano, para 2,7 bilhões de reais, o melhor trimestre da história da companhia, fundada em 1992. “No mercado interno, as vendas no primeiro semestre cresceram 7%”, diz Fernando Galletti de Queiroz, presidente da Minerva Foods. “Nos últimos 60 dias, contratamos 1 100 funcionários, reafirmando nossa crença na retomada da economia.”
Enquanto o mercado interno inicia uma reação, uma boa opção encontrada pelas empresas tem sido turbinar as exportações. As vendas ao exterior cresceram 18% de janeiro a julho, ante o mesmo período do ano passado. A fabricante de máquinas Caterpillar, prejudicada pela paralisia de grandes obras, mirou os clientes lá fora.
A empresa, que investiu meio bilhão de reais de 2011 a 2016, fez adaptações na fábrica de Piracicaba, no interior paulista, e na de Campo Largo, no Paraná, para vender mais para outros países — hoje, a unidade brasileira da multinacional tem a maior diversidade de produtos no mundo. “Devemos encerrar o ano com alta de até 60% nos embarques, na comparação com 2016”, diz Odair Renosto, presidente da Caterpillar. A empresa demitiu 650 empregados na crise nas duas fábricas. Neste novo momento, já contratou 500 trabalhadores desde janeiro e deverá admitir mais 500 até o final do ano.
A semelhança dessa retomada com a de 2008 só se dá mesmo pelo fato de vir com o impulso do consumo. De resto, há muitas diferenças. O crescimento de agora — ainda modesto — é tido pela maioria dos economistas como mais sustentável. Não estão sendo usados artifícios para as atividades voltarem a crescer. Não há uma bolha sendo formada. O crédito de bancos públicos, que foi anabolizado no passado, caiu 2 pontos em proporção ao PIB desde o fim de 2015, embora ainda esteja num patamar superior ao dos bancos privados.
O Congresso está prestes a votar uma nova taxa de juro para os empréstimos do BNDES, de forma que os subsídios caiam e que não haja mais prejuízo ao Tesouro Nacional com essas operações. Em outra evidência auspiciosa, a inflação está caindo devido à ação da política monetária, e não porque os preços administrados estão sendo controlados pelo governo, como ocorreu no passado. As decisões levam em conta as condições das contas públicas e a trajetória da dívida. “O conjunto de políticas que estão sendo adotadas é mais correto do que o de 2008”, diz Sergio Vale, economista-chefe da consultoria MB Associados. “Essas medidas, juntamente com as reformas que estão sendo estruturadas, vão dar uma base melhor para a recuperação.”
Se a turbulência política não atrapalhar a trajetória, será completado um primeiro passo importante para melhorar a vida das famílias e das empresas. Afinal, o Brasil apenas começou a correr atrás do prejuízo que a crise causou — e vai precisar fazer muito mais depois disso.

Fonte: Revista Exame Outubro de 2017

Dos 57 projetos a serem licitados em 2018, energia é a joia da Coroa

Congonhas e petróleo também atraem investidores. Governo prevê arrecadar R$ 60 bi em bônus.



BRASÍLIA - O setor de energia elétrica (instalação de linhas de transmissão e usinas) é a joia da coroa da União, segundo um ranking dos ativos brasileiros que serão colocados à venda ou concedidos ao setor privado e que compõem a carteira de projetos do Programa de Parcerias de Investimentos (PPI). Em segundo lugar, está o Aeroporto de Congonhas, e, em terceiro, as licitações de óleo e gás. A Lotex (raspadinha), da Caixa Econômica, também desperta a cobiça de grupos internacionais, porque paga muitos prêmios, o que atrai apostadores — 65% da receita são convertidos em prêmios. Na Mega Sena, o percentual é de 30%.

A lista foi elaborada pelo corpo técnico do PPI, com base em rodadas de conversas com vários investidores (setor financeiro, fundos de pensão e operadores da área de infraestrutura). A expectativa do governo com a inclusão de mais 57 projetos de privatização é obter pelo menos R$ 60 bilhões em bônus em 2017 e 2018. Essas receitas vão ajudar a fechar as contas públicas, de déficit primário de R$ 159 bilhões nos dois anos.

— São projetos maduros, que já estão prontos. Há demanda no mercado — disse o ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Moreira Franco.

Sete grupos interessados nas usinas da Cemig

O caso emblemático do leilão das usinas da Cemig, que deve ocorrer ainda este ano, apesar da pressão política contrária, mostra o apetite dos investidores no setor. Segundo uma fonte do governo, há pelo menos sete grandes grupos estrangeiros com proposta: o chinês State Power, o mais decidido nas rodadas de conversas; dois fundos de pensão canadenses; a Brookfield; a empresa italiana Enel e os portugueses da EDP; além do francês Engie e da Companhia Paulista de Força e Luz (CPFL).
Técnicos que participaram dos estudos da concessão da Lotex revelam que quatro grandes investidores demonstraram interesse: o grupo americano Scientific Games, o indiano Eagle Press, o italiano IGT e o austríaco Tatts Group. O governo espera um lance de R$ 1,5 bilhão e mais receitas com impostos entre R$ 3,5 bilhões e R$ 4 bilhões por ano.

Praticamente todos os operadores aeroportuários estrangeiros que passaram a atuar no país — e mesmo quem ainda não participou das rodadas de concessão — já demonstraram interesse em Congonhas, contou uma autoridade do setor. O potencial com receitas comerciais no aeroporto mais movimentado do Brasil é o principal atrativo. Depois do leilão de Congonhas, mencionou a fonte, será difícil manter o Santos Dumont nas mãos da Infraero.

Para a 14ª rodada de licitação na área de óleo e gás, prevista para 27 de setembro, a Agência Nacional do Petróleo (ANP) já habilitou 32 empresas de um total de 36 inscritas. Entre elas, companhias de vários países, como Rússia, China, Índia, Estados Unidos, Alemanha, Espanha, Canadá, França e Reino Unido, além de nacionais.

— Os ativos são muito diferentes, mas os players também são, e atuam em nichos distintos. De certa forma, todos estão despertando interesse — disse o secretário de Coordenação de Projetos do PPI, Tarcísio Gomes de Freitas, que precisou interromper a conversa com O GLOBO anteontem para fazer duas conference calls com investidores estrangeiros.

Retorno de 8% ao ano com hidrelétricas

Segundo técnicos envolvidos nas negociações, a atratividade dos ativos do setor elétrico é a receita garantida por tarifas. No caso das hidrelétricas da Cemig (São Simão, Miranda, Volta Grande e Jaguara), que são usinas em operação, não há mais nem risco ambiental da obra. O retorno para o investidor, de 8% ao ano (real) num cenário de queda da inflação, é outro chamariz. Os 11 lotes de instalação de linhas de transmissão em nove estados, que o governo pretende licitar em dezembro deste ano, levam entre 36 e 60 meses para serem instalados e começarem a dar retorno.

As duas rodovias incluídas na carteira do PPI, a BR-153 (Goiás-Tocantins) e a BR-364 (Rondônia) também despertam atenção por causa do agronegócio. Todo ano, sobem quatro milhões de toneladas de grãos do Mato Grosso para Rondônia, destacou um técnico. O leilão da Ferrovia Norte/Sul, que pode gerar uma receita para o Tesouro de R$ 1,6 bilhão, também pode ter concorrência, porque o trecho da ferrovia tem sinergia com a BR-153.

— Até mesmo a Fiol (Ferrovia de Integração Oeste-Leste), entre Caitité e Ilhéus (BA), que pensávamos que ninguém queria, identificamos pelo menos três players interessados — disse um técnico.

Mesmo com o argumento de que a Casa da Moeda é deficitária porque ninguém mais usa dinheiro em espécie, o governo pretende faturar com a sua privatização. A propaganda oficial vai focar nas receitas que o investidor terá com emissão de selos para cigarros e bebidas.

A Eletrobras, ativo incluído no PPI na última hora, é outra grande aposta do governo, que já tem como estratégia usar a experiência com a privatização do sistema Telebras. Mas, primeiro, será preciso retirar a parte podre da companhia: as seis distribuidoras do Norte e do Nordeste. Estas fazem parte do grupo “patinho feio” do PPI. A previsão era vendê-las no segundo semestre de 2017, mas isso não será mais possível. A ideia agora é flexibilizar as exigências para atrair competidores, como a meta de perda de energia.


Outro projeto com problema é a Ferrogrão (MT/PA) — um investimento de R$ 12 bilhões e de alto risco. O leilão estava previsto para o segundo semestre deste ano, mas os consórcios estão com dificuldades para obter financiamento. Na melhor da hipóteses, ocorrerá em março de 2018. Já o leilão de aeroportos em bloco (um no Nordeste e outro no Centro-Oeste), em que o vencedor da disputa terá que levar junto terminais deficitários, também é um incógnita, assim como o Parque Olímpico do Rio, que envolve a prefeitura e a União.

Fonte: Jornal o Globo Setembro de 2017

sábado, 16 de setembro de 2017

GM e MAN anunciam contratação de mil trabalhadores

No mês passado, o setor já tinha aberto 1,1 mil postos de trabalho e hoje emprega 126,3 mil funcionários
 
São Paulo – Duas montadoras, a General Motors e a MAN Latin America, uma de automóveis e outra de caminhões e ônibus, anunciaram nesta quarta-feira, 13, abertura de 1 mil vagas em suas fábricas. No mês passado, o setor já tinha aberto 1,1 mil postos de trabalho e hoje emprega 126,3 mil funcionários.

O movimento confirma a recuperação na produção, que já cresceu 25,5% neste ano em relação a 2016, mas o número de vagas ainda está distante do pré-crise. No fim de 2013, o setor empregava 157 mil pessoas.
A GM abriu 700 vagas temporárias (inicialmente por um ano) para reiniciar o terceiro turno de trabalho na fábrica de Gravataí (RS), onde produz os modelos Onix e Prisma.
O turno que opera à noite havia sido suspenso em dezembro de 2015. Na ocasião, 825 operários tiveram os contratos suspensos por cinco meses (lay-off) e parte deles foi demitida ao fim desse prazo.
Em nota, o presidente da General Motors Mercosul, Carlos Zarlenga, disse que “o sucesso do Onix, líder de vendas no mercado há três anos, e do Prisma, o sedã mais vendido do Brasil, nos incentivou a ampliar a produção, criando o terceiro turno na fábrica de Gravataí.”
Exportações também estão ajudando no aumento da produção, informou a GM que, no mês passado, anunciou investimentos de R$ 1,4 bilhão para a unidade gaúcha. Segundo a empresa, com o turno adicional serão produzidos 20 mil carros a mais naquela fábrica, mas não informou o volume atual.
O presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Gravataí, Valcir Ascari, disse que a GM tinha 3,5 mil funcionários quando suspendeu o terceiro turno e hoje tem cerca de 2,5 mil.
“É muito positivo que algumas vagas estejam voltando num momento em que a economia começa a se recuperar”. Segundo ele, novas contratações deverão ser anunciadas pelas fabricantes de autopeças que operam dentro do complexo de Gravataí.
Caminhões

A MAN, que produz caminhões Volkswagen, vai contratar 300 funcionários para a produção de uma nova linha de produtos.
No mês passado a montadora suspendeu um programa de redução de jornada e salários, após dois anos operando quatro dias por semana, e chamou de volta funcionários que estavam em lay-off.
Além disso, negociou com os empregados trabalho extra em três sábados ao mês até o fim do ano para atender a demanda interna e as exportações.
“Agora abrimos 300 vagas, das quais metade devem ser preenchidas até o fim do mês”, disse o presidente da MAN, Roberto Cortes.
O complexo de Resende, que funciona com fabricantes de autopeças ao lado da fábrica, emprega hoje 3,2 mil funcionários e opera em um turno. Antes da crise econômica eram 5,5 mil trabalhadores, segundo Cortes.
A nova linha é composta de seis caminhões, com capacidade de carga que variam de 3,5 toneladas a 13 toneladas. O modelo menor, chamado de Delivery Express, coloca a marca num segmento em que ainda atuava. “Foram cinco anos de desenvolvimento conjunto entre engenheiros alemães e brasileiros”, afirma Cortes.
A nova linha será lançada na Fenatran (salão de veículos pesados), que ocorrerá em São Paulo em outubro. Cortes espera que 30% a 40% da produção dos novos caminhões sejam exportadas para vários mercados.
O desenvolvimento da nova linha consumiu boa parte do investimentos de R$ 1 bilhão que a montadora fez no Brasil nos últimos cinco anos. Um novo plano, de R$ 1,5 bilhão, foi anunciado em dezembro. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Fonte: O Estadão - 15 Setembro 2017

quarta-feira, 26 de julho de 2017

Leilões de pelo menos 11 projetos de infraestrutura ficarão para 2018

No esforço de criar agendas positivas, o Planalto preparou para amanhã uma cerimônia para comemorar a assinatura dos contratos de concessão de quatro aeroportos leiloados neste ano: Fortaleza, Salvador, Florianópolis e Porto Alegre.

No entanto, o programa de concessões enfrenta desafios de todo tipo. Leilões de pelo menos 11 empreendimentos prometidos para este ano terão de ser adiados para 2018. Os adiamentos vão afetar, principalmente, projetos em ferrovias e rodovias, que envolvem investimentos de, pelo menos, R$ 38 bilhões.

A cifra supera os 90% do total parcialmente estimado da carteira de empreendimentos do Programa de Parcerias de Investimentos (PPI). Os atrasos não são fruto da crise política, segundo afirmam os técnicos. Eles são provocados por ajustes técnicos nos projetos, motivados por questionamentos dos usuários, do Ministério Público, do Tribunal de Contas da União (TCU) e do próprio mercado.

A opção do governo tem sido gastar um pouco mais de tempo nos preparativos, para assegurar que os projetos cheguem ao mercado com condições de atratividade. É o caso, por exemplo, da freeway, a BR-290 entre Porto Alegre e Osório, cuja concessão venceu recentemente. Em vez de simplesmente leiloá-la de novo, o governo decidiu incluí-la em um pacote com trechos de outras três rodovias federais no Estado e em Santa Catarina, formando o que foi chamado de Rodovia de Integração do Sul (RIS).

Esse conjunto foi submetido a audiência pública e, com as sugestões de usuários, foi modificado. Isso exigiu novos estudos econômicos, o que atrasou o processo. Os investimentos estimados são de R$ 21 bilhões. Outro projeto do PPI no Estado cuja licitação será adiada é a licença para mineração de carvão em Candiota. O motivo foi o fato do governo não ter conseguido contratar a elaboração de estudos econômicos, técnicos e ambientais. Por que atrasou:

  • Rodovia de Integração do Sul: O pacote de trechos rodoviários foi modificado por sugestão dos usuários. Investimento estimado: R$ 21 bilhões.
     
  • Ferrovia Norte-Sul (FNS): Foi preciso negociar com outras concessionárias a passagem da carga até os portos. Investimento estimado: R$ 1,63 bilhão.
  • Ferrogrão: Autoras do projeto, tradings procuram sócios. Investimento estimado: R$ R$ 12,6 bilhões.
  • Ferrovia de Integração Oeste-Leste (Fiol): O Porto de Ilhéus, no fim da linha, ainda não existe. Há dúvida se a obra será estadual ou do concessionário. Investimento estimado: R$ 1,14 bilhão.
  • PCH Pery: Processo atrasou por discussões na Justiça. Investimento estimado: não disponível.
  • PCH Agro Trafo: Informação não disponível. Investimento estimado: não disponível.
  • Mineração de fosfato de Miriri (PB e PE): Governo não conseguiu contratar elaboração de estudos econômicos, técnicos e ambientai. Investimento estimado: não disponível.
  • Mineração de cobre, chumbo e zinco em Palmeirópolis (TO): Governo não conseguiu contratar elaboração de estudos econômicos, técnicos e ambientais. Investimento estimado: não disponível.
  • Mineração de carvão em Candiota (RS): Governo não conseguiu contratar elaboração de estudos econômicos, técnicos e ambientais. Investimento estimado: não disponível.
  • Mineração de cobre em Bom Jardim de Goiás (GO): Governo não conseguiu contratar elaboração de estudos econômicos, técnicos e ambientais. Investimento estimado: não disponível.
  • BR 364 e BR 365: O escopo da concessão foi modificado após audiência pública. Investimento estimado: R$ 2 bilhões.
Fonte: Jornal do Comércio 26-07-2017

terça-feira, 4 de julho de 2017

Professor da FGV aponta diferenciais que destacam alunos do MBA no mercado

Localizada na Região Norte com filiais em Manaus e Rondônia, o Centro FGV traz a experiência acadêmica e profissional dos professores da Fundação Getulio Vargas, e faz com que os cursos aliem teoria e prática de forma equilibrada, possibilitando que os conhecimentos adquiridos sejam rapidamente incorporados no cotidiano das empresas.

A missão do FGV é formar executivos de empresas privadas, governamentais e do terceiro setor, levando aos talentos do nosso país o instrumental necessário para desenvolver seu potencial e agregar valor às empresas onde atuam, estimulando o desenvolvimento de sua região em diversos segmentos.
Profissionais que buscam estar à frente no mercado de trabalho num período onde o país se encontra em crise econômica, precisam se qualificar cada vez mais para se garantirem no ramo empresarial. É o que afirma o professor da FGV, Fernando Paes, que leciona nos MBAs em Gestão Empresarial e Gerenciamento de Projetos. “A base pedagógica da Centro FGV está muito bem estruturada e adequada para o atual momento que o país está passando, onde cada companhia precisa muito bem trabalhar seus recursos e se preparar para gerir  seus investimentos. Por isso os profissionais devem buscar uma instituição de qualidade como a FGV, que fornece todo o suporte e capacitação”, garante.


O professor conta também que busca repassar a realidade de outras regiões do país, levando os alunos a vivenciarem conflitos e realidades que acontecem nas grandes cidades como São Paulo e Rio de Janeiro. “O aluno não precisa sair do seu estado para ter uma aula de nível nacional. Tudo o que é ministrado por lá, é passado em todas as conveniadas. A estrutura também possibilita que as aulas sejam aplicadas da melhor forma possível e considero a estrutura da Porto FGV uma das melhores do Brasil”, afirma Fernando Paes.

O MBA em Gestão Empresarial da FGV visa desenvolver nos alunos uma visão estratégica, permitindo maior eficiência no processo decisório nas questões empresariais. Criando uma capacidade de analisar e estruturar as informações relacionadas à área de planejamento e liderança.  Assim como o MBA em Gerenciamento de Projetos busca desenvolver nos participantes o conhecimento, a capacidade e a habilidade para atuarem como gerentes de projetos de qualquer natureza, porte ou complexidade, liderando equipes multidisciplinares e gerenciando recursos. O curso está com matrículas abertas, previsão de início das aulas para 25 de agosto.


Índice de qualidade

Em 2016, a Porto FGV recebeu da direção da Rede Management o certificado de reconhecimento como uma das conveniadas com melhor avaliação segundo os critérios de Qualidade FGV.

A FGV também lidera o ranking de melhores faculdades do Brasil, segundo o ranking do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep) e Ministério da Educação (MEC). O ranking faz parte de indicadores que avaliam a qualidade da educação superior, onde mais de 1.700 faculdades estiveram na competição.

sábado, 17 de junho de 2017

Projeto de Acreditação Hospitalar


Os gestores de instituições de saúde do país sabem bem que processos de avaliação e qualidade são verdadeiros radares para pacientes que desejam contar com tratamento de excelência em seus momentos de maior fragilidade, para a proteção de seu capital mais precioso. E não são só o prestígio e o domínio de mercado que aumentam com a obtenção de um selo de acreditação, mas também se nota uma significativa redução de custos com processos mais enxutos e funcionais, além da abertura para a atração de capital externo. Quer saber mais? 
A acreditação

A Organização Nacional de Acreditação (ONA) é uma entidade privada que surgiu em 1999, no intuito de coordenar o Sistema Brasileiro de Acreditação. Esse sistema compõe um imenso rol de procedimentos e regras lançado pelo Ministério da Saúde em parceria com organizações que representam o setor para o recebimento de certificações em serviços de saúde.

No Brasil, a mais importante acreditação existente é exatamente a proveniente da Organização Nacional de Acreditação (ONA), que entre 1999 e 2013 acreditou cerca de 955 instituições, que se lançaram à frente da concorrência de posse do selo de qualidade mais relevante do setor de saúde nacional. Vale lembrar, entretanto, que o processo de acreditação é voluntário, envolve muitas mudanças prévias nos procedimentos internos da instituição e tem data de expiração, prevalecendo por 2 ou 3 anos (dependendo do selo). Depois desse tempo, uma nova homologação será exigida.

Na prática, ser uma instituição de saúde homologada pela ONA é tão importante que já existe até um projeto de lei tramitando na Câmara dos Deputados que propõe a obrigatoriedade de avaliação e certificação de qualidade dos serviços hospitalares. Assim, por mais que hoje a obtenção da acreditação ONA ainda seja facultativa, pode se tornar compulsória em breve, mas menos pela obrigação iminente e muito mais pelas vantagens competitivas trazidas por essa chancela, é que queremos despertar a atenção dos gestores hospitalares para a urgência em preparar seu hospital para essa homologação.
O funcionamento

A ONA é um selo de qualidade relacionado ao alcance da excelência nos processos de trabalho em saúde (pública ou privada). A avaliação é feita por especialistas que atuam sob a responsabilidade das Instituições Acreditadoras Credenciadas (IACs) da entidade. Essas, por sua vez, são supervisionadas e coordenadas pela ONA. O objetivo máximo da acreditação é o de promover a melhoria da qualidade dos serviços de saúde prestados no Brasil, preocupando-se também em assegurar a segurança de todo brasileiro nas Organizações Prestadoras de Serviços (OPSS).

Em relação à acreditação, são consideradas Organizações Prestadoras de Serviços de Saúde, as entidades que prestam serviços de assistência médica de tipo hospitalar, laboratório, hemoterápico, patologia clínica, ambulatorial e pronto atendimento, diagnóstico e terapia, atenção primária à saúde, assistência domiciliar e transporte especializado em saúde de caráter estatal ou privado, com ou sem fins lucrativos, sob a responsabilidade de uma diretoria.

A garantia de qualidade é conferida por meio de avaliações que atestarão o nível de informatização da instituição, sua eficiência, a rapidez e a assertividade dos processos internos, a qualidade no atendimento ao paciente, o nível de segurança estrutural da instituição, a proteção sanitária dos profissionais de saúde e usuários dos serviços oferecidos, além da interação harmônica entre todas as áreas do hospital (tecnológica, médica, administrativa, contábil/financeira, assistencial, laboratórios e pesquisa).

A aplicação da metodologia do Sistema Brasileiro de Acreditação e do Manual Brasileiro de Acreditação específico, por parte das entidades credenciadas pela ONA, poderá resultar na obtenção de um dos 3 níveis de acreditação seguintes:
- Acreditado (nível 1): uma instituição que tenha recebido o selo de qualidade ONA 1 atende ao princípio de segurança tanto nos aspectos estruturais quanto na perspectiva assistencial. Nesse patamar, avalia-se o atendimento aos requisitos legais e técnicos mínimos para funcionamento do hospital — como mapeamento e padronização de processos-chave, identificação de riscos e existência de instrumentos de controle. Além disso, é desejável que a instituição tenha implantado um modelo de gestão de competências, um plano de objetivos e metas organizacionais, além de sistematização de indicadores básicos de qualidade e segurança. A reorganização dos processos internos é, nessa etapa, a tarefa mais árdua. A validade desse certificado é de 2 anos.

- Acreditado pleno (nível 2): para o recebimento da chancela ONA 2, é preciso que a instituição atenda aos requisitos da ONA 1, além de dispor de um sistema de planejamento focado na gestão integrada. Perceba que a modernização da TI hospitalar e a implementação de um eficiente sistema de gestão integrada em saúde é premissa básica para o recebimento desse nível de homologação. Estamos falando do alcance da homogeneidade no fluxo de informações que trafegam no hospital por meio de sistemas de informações que acelerem processos, proporcionando mais agilidade à instituição e diminuindo as chances de erro — parte mais custosa aos pleiteantes do ONA 2. A existência de programas de educação continuada e a formação de grupos multidisciplinares visando a melhoria de processos também serão avaliadas. Esse certificado também vale por 2 anos.

- Acreditado com excelência (nível 3): nesse estágio, a ordem do dia é excelência em gestão. As organizações chanceladas com excelência atendem aos requisitos dos níveis 1 e 2, além de disporem de uma cultura organizacional que busca continuamente a melhoria, com resultados positivos e uma performance alinhada com toda a organização. O hospital chancelado com ONA 3 deve estar municiado de um sistema de gerenciamento completo de desempenho em todos os níveis, totalmente informatizado, com controle total sobre seus indicadores e cultura de avaliação constante de resultados. A validade desse certificado é de 3 anos. Em 2013, o Brasil possuía 76 instituições certificadas com o nível ONA 3.


Os benefícios

- Aumento da segurança proporcionada não só aos pacientes, mas a todos os profissionais envolvidos no dia a dia hospitalar;
- Elevação da instituição a um nível de excelência na prestação de serviços de saúde;
- Aprimoramento da gestão;
- Estímulo ao engajamento da equipe;
- Redução de custos com processos internos redundantes, caros e ineficientes;
- Estímulo à modernização hospitalar;
- Ponto de partida para um processo permanente de melhora contínua;
- Atratividade da instituição para o recebimento de recursos externos (investidores).


A preparação

Receber uma acreditação ONA em qualquer de seus 3 níveis implica iniciar um processo de mudança de longo prazo. E esse passo se dará por meio de algumas ações básicas, como:

Realização de um diagnóstico organizacional

Trata-se de uma atividade facultativa à organização, realizada previamente pelas entidades avaliadoras credenciadas pela ONA independentemente do processo de análise para a obtenção do selo de qualidade. Consiste basicamente na elaboração de um raio-X da situação da empresa e das lacunas de eficiência que precisam ser preenchidas para a futura conquista da acreditação.

Adoção de um sistema de gestão em saúde

No universo hospitalar, a eficiência está diretamente ligada à velocidade no processo de comunicação, sem ruídos ou equívocos. Assim, para que uma prescrição médica não apenas chegue com rapidez à Enfermaria, mas para que o setor já esteja provido com os medicamentos indicados pelo médico, é preciso contar com sistema integrado. Essa ferramenta deve ser capaz de dar o dinamismo necessário ao workflow de um segmento em que meros segundos podem salvar vidas. É preciso investir, portanto, em logística hospitalar.

Capacitação permanente e respeito à segurança


Nesse caso, não há espaço para questionamento: as normas de saúde e segurança devem ser seguidas à risca. Da mesma forma, deve-se direcionar recursos para a realização de programas contínuos de capacitação, tanto do ponto de vista clínico quanto no que se refere a questões administrativas, como atendimento ao paciente, abordagem humanizada e assim por diante.

Fonte: Portal MV.COM.BR

Corte Especial do TRF manda suspender licença de operação de Belo Monte



A Corte Especial do Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF1) suspendeu liminar do mesmo Tribunal que garantia o funcionamento da Usina Hidrelétrica de Belo Monte (UHBM) desde janeiro deste ano. A Corte acolheu recurso do MPF nesta quinta-feira (6). Na prática, a usina deve parar de operar imediatamente, mas ainda continua a execução das obras ainda pendentes.
Em nota enviada ao G1 na manhã de sexta-feira (7), a Norte Energia, empresa responsável pela operação da usina, informou que não tomou conhecimento da decisão do TRF1 e só vai se manifestar quando tiver ciência ou for intimada.

A usina estava autorizada a funcionar desde janeiro, por uma suspensão de segurança do próprio TRF, que derrubou liminar dada pela Justiça de Altamira no mês de setembro de 2016. Na ocasião, a Justiça de Altamira determinava as suspensões das licenças até que fossem integralmente cumpridas as condicionantes relacionadas ao saneamento básico do município.
A operação da usina pode ser retomada apenas com deferimento de recursos na Justiça de Altamira e no Supremo Tribunal de Justiça.

O projeto de saneamento básico deveria ter sido implementado em julho de 2014 e tem o objetivo de evitar a contaminação do lençol freático de Altamira pelo afogamento das fossas rudimentares da cidade, devido ao barramento do rio Xingu.

A suspensão de segurança que barrou a decisão da Justiça de Altamira foi reformada em janeiro porque o presidente do TRF1 entendeu que a paralisação de Belo Monte traria prejuízo à ordem e à economia públicas, ocasionando suspensão de fornecimento de energia elétrica, elevação das tarifas de energia e prejuízos ambientais pelo uso de termelétricas.

Riscos para a população

Para o Ministério Público Federal, “o enchimento do reservatório sem o cumprimento da condicionante do saneamento, que já deveria ter sido realizada há três anos, coloca a população de Altamira em risco de doenças pela contaminação das águas superficiais e profundas”, alegaram os procuradores regionais da República Raquel Branquinho, Felício Pontes e Bruno Calabrich. Outro argumento foi que a linha de transmissão principal, que levaria energia do Xingu ao Sudeste, não está construída, o que impede dano à economia pública.

Pela decisão da Corte Especial do TRF1, o reservatório da usina não pode ser formado até que seja realizado o saneamento básico de toda a cidade de Altamira, conforme determinava a condicionante da licença de operação concedida pelo IBAMA.

Funcionamento

A UHE Belo Monte será a quarta maior hidrelétrica do mundo em capacidade de geração de energia, superada apenas por Três Gargantas (China), Itaipu (Brasil e Paraguai) e Xiluodu (China). Em seu pico de geração, será capaz de produzir 11.233 MW, volume suficiente para abastecer um país do porte da Argentina. Na média anual, Belo Monte vai gerar cerca de 4 mil MW, energia suficiente para abastecer 60 milhões de pessoas quando estiver em pleno funcionamento, em 2019.

A Usina tem 10 unidades geradores em operação, autorizadas pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). No dia 17 de janeiro deste ano, o órgão autorizou a ativação comercial da quarta turbina da Casa de Força Principal, no Sítio Belo Monte. Quando estiver em funcionamento total, terá 18 turbinas da Casa de Força Principal e 6 da Casa de Força Complementar. O investimento completo na obra é de R$ 30 bilhões.


Fonte: Portal G1

sexta-feira, 9 de junho de 2017

Gestão de Projetos na Construção Civil

O gerenciamento de um projeto envolve a coordenação eficaz e eficiente de recursos de diferentes tipos, como recursos humanos, materiais, financeiros, políticos, equipamentos, e de esforços necessários para obter-se o produto final desejado – no caso da construção civil, obra construída,  atendendo-se a parâmetros preestabelecidos de prazo, custo, qualidade e risco.
Para Limmer (1997), gerenciar um projeto é assegurar também que o mesmo seja planejado em todas as suas fases, emitindo, através de mecanismos de controle, uma vigilância contínua onde os impactos de prazos e/ou custos sejam analisados e projetados para um horizonte de curto e médio prazos, possibilitando antecipar decisões gerenciais que garantam a execução do projeto no curso desejado.
A indústria da Construção Civil é organizada em projetos e a teoria e práticas da produção dominantes são influenciadas intensamente pelos conceitos e técnicas da área denominada gestão de projetos (BALLARD, 2000).
E ainda, dentro da perspectiva de FLORES (1982) os projetos são sempre esforços humanos: todos os projetos envolvem indivíduos com seus próprios interesses, que devem ser compatibilizados para a obtenção dos objetivos maiores: “... a gestão é o processo de início, escuta e criação de compromissos, que incluem o interesse na articulação e ativação de uma rede de compromissos, produzida primeiramente por promessas e solicitações, reservando espaço para a autonomia das unidades envolvidas.”

PRÁTICAS DE GESTÃO DE PROJETOS ALINHADAS À EXECUÇÃO E CONTROLE DOS SERVIÇOS INDUSTRIALIZADOS

Alguns podem perguntar em que a  industrialização dos procedimentos de execução e controle dos serviços pode afetar o desenvolvimento dos projetos.
Uma mudança importante para a Construção Civil é a implantação dos conceitos de Industrialização Total, com a máxima industrialização dos processos produtivos, onde a idéia é transformar os canteiros em verdadeiras linhas de montagem, em substituição aos métodos artesanais. A aplicação da metodologia de gerenciamento de projetos vem então sendo usada como catalizadora desta mudança.
A industrialização é fundamental para quem precisa produzir em volume, porque reduz o tempo de execução das obras e o número de profissionais envolvidos. Com prazo menor, reduz-se também os custos indiretos. Outro benefício, é diminuir a produção de resíduos pois atualmente uma das principais dificuldades da construção civil é o tratamento de seus resíduos. Porém, a industrialização, para conseguir todos os benefícios mencionados acima, deve caminhar junto com as boas práticas de gestão de projetos.
As empresas de engenharia que buscam então implantar uma metodologia de gerenciamento de projetos para seus empreendimentos, o fazem da seguinte forma:
1) Procuram identificar suas necessidades, ou seja, identificar os pontos fracos da organização, tais como: atrasos na execução das obras, obras entregues acima do custo orçado, obras entregues sem padrão de qualidade, não obtenção do retorno financeiro pelos investidores, falhas constantes de comunicação gerando conflitos freqüentes;
2) Avaliam o nível de maturidade em gestão de projetos por meio de diagnóstico técnico (por exemplo OPM3) e criam um plano de melhorias.
3) Investem em treinamento, impedindo que os processos sejam iniciados com falhas na forma do trabalho ou no uso das ferramentas de gerenciamento de projetos.
4) Definem a metodologia de gerenciamento de projetos a ser usada, sempre  alinhada com a realidade da empresa e sua estratégia.
5) Após a implantação, as empresas devem fazer a avaliação críticas dos processos adotados, levantando as falhas e promovendo as ações corretivas.
6)Promovem e incentivam o benchmarking em empresas do mesmo ramo, pois assim a construtora pode se aprimorar cada vez mais, buscando desenvolvimento da equipe e a melhoria contínua dos processos de gestão, crescendo na escala de maturidade.
Benefícios esperados com a implantação desta metologia de gerenciamento de projetos: o alcance das metas básicas de prazos, custo e qualidade, a melhor comunicação interna e externa, gerando menos conflitos, melhor gestão dos diferentes contratos e aquisições, desenvolvimento constante da equipe e menores surpresas na execução das obras devido a prévia análise de riscos, entre outros.
Além de possibilitar a melhoria contínua das atividades de execução e controle dos serviços, a existência desses procedimentos alinhados com as melhores práticas em gestão de projetos faz com que a tecnologia utilizada pela empresa se mantenha atualizada e afinadas com as necessidades de construtibilidade requeridas pelo mercado.

GESTÃO DE PROJETOS NO CANTEIRO DE OBRAS

Uma das peculiaridades da indústria da Construção Civil, talvez a que mais a diferencie das indústrias de produtos fabricados em série, é o fato da produção possuir o caráter nômade, que consiste basicamente em se ter para cada novo empreendimento um novo canteiro de obras, que se altera constantemente conforme a fase de produção e de evolução da construção.
Como se tem sempre uma praça de trabalho “provisória” para a fabricação dos produtos finais, sua organização em todas as fases do processo de construção é fundamental e deve possibilitar a eficiência e o bom desempenho da produção e dos operários que nela trabalham.
Algumas técnicas de gestão de projetos são então uma importante ferramenta que se apresenta para melhor organizar auxiliar a execução, implantação e manutenção de um canteiro de obras.
Os projetos de canteiros de obras devem contemplar, além de outros aspectos:
. a logística interna dos fluxos de materiais (recebimento, estocagem, transporte e utilização);
. a utilização de equipamentos que facilitem e agilizem o transporte de materiais e pessoal, bem como a execução dos serviços;
. as condições de vivência no canteiro (vestiários, refeitórios, áreas de lazer, sanitários);
. a segurança da mão-de-obra (contemplada para todos os serviços realizados na execução de obras e registrada no Programa das Condições de Meio Ambiente no Trabalho – PCMAT);
. a facilidade de acesso aos locais de trabalho;
. as distâncias e percursos que deverão ser feitos, procurando minimizar possíveis interferências e reduzir os tempos improdutivos de movimentação, esperas e paradas, que não agregam valor ao processo;
. uma comunicação visual eficiente, como uma sinalização de vias eficaz;
. o mapeamento das áreas de riscos inerentes, como riscos físicos ( ex: áreas de quedas de materiais), riscos químicos ( ex: áreas de exposição a agentes nocivos a saúde, como ácidos ) e riscos biológicos ( ex: áreas de exposição a bactérias, como em banheiros);
. a implantação de sistema de gestão da qualidade que permita a padronização de todos os processos.
Todos esses itens, de alguma forma, precisam ser pensados não apenas na elaboração do projeto do canteiro, mas durante todo o caminhamento da realização dos serviços em campo.
Fonte: Portal TECHOJE