quinta-feira, 14 de junho de 2018

Gestão de Projetos no Brasil: "Haja Coração!"

Nos últimos anos, tenho trazido para debates, reflexões e estudos nas aulas, cursos e palestras que ministro pelo Brasil, a importância de levarmos mais a sério as diversas questões que passam pela organização, planejamento, controle e num sentido mais amplo, a gestão de projetos. Tenho destacado os fatores externos e gerenciamento de stakeholders como determinantes para o sucesso ou fracasso de projetos, sobretudo em alguns segmentos.

Estamos em plena Copa da Rússia observando um "status report" dos projetos previstos para serem entregues na copa do Brasil, realizada em 2014 (aquela dos 7x1 para Alemanha, lembrou )! Pode isso Arnaldo?

Freud explica! Aliás, a reportagem a seguir, da Folha de São Paulo, apresenta um status de alguns projetos muito interessantes, previstos para serem entregues na Copa realizada no Brasil. 

Durante a leitura, você será convidado a uma reflexão e ao término, talvez conclua imediatamente que gerenciar projetos é complicado no mundo inteiro, pois as informações sobre projetos das últimas Copas, inclusive da Rússia, mostram isso. Mas no Brasil, ganha dramáticas pitadas de final de novela das oito com um bom jogo eliminatório de futebol: "haja coração"! Definitivamente não é para amadores.

Por Fernando Paes, Junho de 2018.


Promessas de mobilidade previstas para o Mundial foram adiadas ou paralisadas


Enquanto o Brasil se prepara para torcer pela seleção no Mundial da Rússia, obras de mobilidade previstas para a Copa de 2014 seguem em andamento em oito capitais brasileiras.



Em Cuiabá e Fortaleza, as linhas de VLT (Veículo Leve sobre Trilhos) previstas para a competição não foram concluídas. Em Brasília, onde o mesmo modal ligaria o aeroporto ao Plano Piloto, as obras nem sequer saíram do papel.

Na capital de Mato Grosso, o trajeto de 23 km por onde passaria o VLT está abandonado. Cerca de R$ 1,1 bilhão já foram gastos na obra, inicialmente orçada em R$ 1,4 bilhão.



"Esses canteiros só servem pra acumular lixo e água. Lamentável [o governo do estado] gastar mais de um bilhão nisso aqui", diz a professora Célia Regina Ramos da Cruz, 47, que mora nos arredores.
O contrato com o consórcio VLT Cuiabá-Várzea Grande, responsável pela obra, foi rescindido após operação da Polícia Federal, em agosto de 2017, que apontou indícios de irregularidade na licitação. Um novo processo está sendo preparado pelo estado.

Em Fortaleza, os 13 km do VLT Parangaba-Mucuripe também não foram concluídos. A previsão é que a linha, que atravessa 22 bairros, seja entregue no final deste ano.

Já em Brasília, o VLT deu lugar a projetos de BRT, implantados gradualmente na cidade. Outras obras, como os túneis no trecho entre o centro de convenções e o estádio Mané Garrincha, também não foram concluídas.

No Recife, estão em andamento trechos do complexo viário Ramal da Copa, o Terminal Integrado de Camaragibe e duas linhas de BRT (via expressa de ônibus).

No Corredor Norte-Sul, que tem previsão de conclusão em 2019, faltam entregar 2 das 28 estações previstas para a linha que terá 33 km e passará por cinco cidades do Grande Recife. No Corredor Leste-Oeste, faltam 6 das 22 estações.

Em Porto Alegre, não foram concluídas as trincheiras da avenida Ceará e da rua Anita Garibaldi. As obras na avenida Tronco serão retomadas nos próximos dias.

A prefeitura credita os atrasos à crise financeira --motivo pelo qual obteve um empréstimo de R$ 120 milhões e remanejou R$ 115 milhões destinados aos BRTs.

Já em Belo Horizonte, a construção da Via 710, que vai ligar as avenidas dos Andradas e Cristiano Machado, deve ser concluída apenas no primeiro semestre de 2019.

Em Natal, ainda falta concluir a via de acesso ao Aeroporto Governador Aluízio Alves. Já em Curitiba, onde 6 das 7 obras previstas para a Copa foram entregues, restou a reforma do Terminal do Santa Cândida, que será retomada após quase dois anos parada.

Nas demais capitais, as principais obras de mobilidade já foram entregues. Mas nem todas elas saíram conforme o inicialmente planejado.

Em Salvador, a linha de metrô ligando o centro da cidade ao aeroporto ficou pronta a tempo apenas da Copa do Mundo da Rússia. A Estação Aeroporto foi inaugurada em abril deste ano.

Em Manaus, o plano inicial de fazer um monotrilho e um BRT acabou sendo adaptado. A prefeitura criou um sistema de corredores de ônibus chamado Faixa Azul --cor da tinta pintada no asfalto para separar o transporte público do restante do tráfego. Na prática, o sistema é pouco respeitado pelos motoristas.

Em São Paulo, o monotrilho da linha 17-ouro também está inacabado. O projeto, contudo, foi retirado da matriz de responsabilidades após a escolha do Itaquerão --e não do Morumbi-- como estádio usado na Copa.

No Rio e em Belo Horizonte, as principais obras de mobilidade ficaram prontas a tempo da Copa de 2014. Mas isso não evitou percalços posteriores.

Com custo de R$ 2 bilhões, o BRT Transcarioca está sob investigação do Ministério Público Federal. O ex-secretário de Obras Alexandre Pinto está preso sob acusação de cobrar propina na construção.
Ligando a zona oeste ao aeroporto internacional do Galeão, é utilizado diariamente por 234 mil pessoas --menos do que os 320 mil previstos. O Consórcio BRT afirma que a eficiência do corredor poderia melhorar com uma pavimentação mais adequada.

Também há pendências em Belo Horizonte. O BRT já atende a 700 mil passageiros por dia em três corredores de ônibus com 23 km, mas obras complementares têm problemas: o viaduto construído na região da Pampulha desabou em plena Copa do Mundo, no dia 3 de julho de 2014, deixando dois mortos e 23 feridos.

Quatro anos depois, o caso permanece sem solução. Não houve pagamento de indenização às vítimas e a consultoria de engenharia Consol e a construtora Cowan ainda não fecharam um acordo com o Ministério Público para ressarcir a prefeitura.


Fonte: Portal Folha de São Paulo, Junho de 2018.

quinta-feira, 7 de junho de 2018

Atrás da nova certificação PMP®?


Ao tomar conhecimento  dos benefícios da certificação PMP, a busca pela certificação se intensifica. Entenda como funciona atualmente o processo.


Categoria II

Para quem possui diploma universitário, os requisitos são:
  •    Graduação em Bacharelado ou equivalente, com duração mínima de 4 anos
  •    Experiência mínima de três anos na área de gerenciamento de projetos
  •    Mínimo de 4.500 horas de liderança e direção de projetos
  •    Ter pelo menos 35 horas de formação em gerenciamento de projetos
Categoria I

Para quem tem ensino médio:
  •    Comprovada experiência de 5 anos na área de gerenciamento de projetos
  •    7.500 horas de liderança e direção de projetos
  •    35 horas de formação em gerenciamento de projetos
Quem busca a Certificação PMP® 2018 preciso submeter ao PMI o formulário de inscrição com seus dados pessoais, formação educacional (acadêmica e em gerência de projetos) e experiência profissional na área.

O candidato deverá concordar com o Código de Ética da instituição, baseada em quatro pilares: Responsabilidade, Respeito, Justiça e Honestidade.

Não é obrigatória a filiação ao PMI para fazer o exame de certificação.
Mas quem for filiado ganhará  um desconto. Os candidatos que quiserem aproveitar esse benefício, precisarão preencher a ficha de filiação no site do PMI®, antes de preencher o formulário para o exame do PMP Certificação.

O custo de filiação ao PMI® é de US$ 129, além de uma taxa de US$ 10. A opção pela filiação ao PMI® garantirá algumas vantagens como criação de networking, participação de grupos de interesses comuns, descontos em seminários, eventos, feiras específicas e aquisição de livros, além de troca de muitos conhecimentos e experiências com outros filiados.

A partir da comprovação das aptidões técnicas, leitura do manual do candidato, realização da inscrição no site do PMI® e preenchimento do formulário de inscrição para o exame do PMI®, começa a fase do estudo do Guia PMBOK®.

Todos os filiados ganham uma cópia gratuita em PDF do Guia PMBOK®.
A prova pode ser feita na sua língua de origem, mas um bom conhecimento do inglês ajuda a responder algumas questões (contexto).

A Estrutura do Exame de Certificação

  • 200 questões de múltipla escolha com 4 opções de respostas.
  • As 200 questões são divididas em 175 questões válidas para o exame e mais 25 de validação.
  • O candidato tem 4 horas para finalizar o exame.
  • O candidato deverá acertas 106 das 175 questões.
Custo da certificação PMP® 2018
Para associados do PMI® o custo é de US$ 405. Para os não filiados vai custar US$ 555.

segunda-feira, 4 de junho de 2018

Inflação em alta, PIB em baixa: os efeitos da greve na economia

A greve dos últimos dias deve deixar marcas indeléveis na economia brasileira


Protestos: paralisação deve levar a aumento da inflação nos próximos meses, segundo o Morgan Stanley  (Leonardo Benassatto/Reuters)

 O fantasma da greve segue à espreita, pelo menos em grupos de WhatsApp Brasil afora. Uma nova paralisação de caminhoneiros, supostamente marcada para hoje, não passa de “fake news”, segundo o governo. Seja como for, a greve dos últimos dias deve deixar marcas indeléveis na economia brasileira, como devem mostrar resultados a serem divulgados a partir desta semana.

Segundo relatório do banco Morgan Stanley os primeiros efeitos devem ser vistos na sexta-feira, quando o governo divulga o IPCA de maio, que deve começar a mostrar o impacto do aumento dos combustíveis e de outros produtos na inflação. Os principais efeitos, para o banco, devem vir mesmo nos resultados futuros.

“Em virtude da extrema dependência de caminhões para a logística do Brasil, a greve terá impactos diretos nos números macroeconômicos de maio e junho, especialmente no crescimento e na inflação”, afirma o relatório assinado por Arthur Carvalho. “Podem haver efeitos mais duradouros na confiança, o que pode impactar principalmente o crescimento, e levar mais incerteza às eleições”.

Um exemplo de como a greve pode afetar a economia brasileira, segundo o Morgan Stanley, está na Colômbia, onde uma greve de caminhoneiros se alongou por um mês e meio em 2016. Por lá, o movimento derrubou de imediato a produção industrial do país e fez a inflação disparar no mês seguinte, de cerca de 3% para a casa dos 8% na base anual. O mesmo pode acontecer no Brasil, sobretudo em produtos frescos, segundo o Morgan Stanley. Ainda assim, o índice deve ser normalizar no segundo semestre, sem grandes alterações na inflação final de 2018.

O impacto econômico, por sua vez, deve ser mais duradouro. Os cálculos iniciais do banco preveem uma perda de até 0,3 ponto percentual no PIB anual por um misto de efeitos concretos e de incertezas no longo prazo. O concreto é preocupante: segundo a empresa de pagamentos Cielo, a queda total no varejo chegou a 28% no final de maio, mesmo com uma alta de 54% nos supermercados em virtude do preocupação dos consumidores com a falta de produtos. O longo prazo vai depender da queda na confiança.

Os números do primeiro trimestre, vale lembrar, já não foram animadores, com crescimento do PIB de apenas 0,4% e queda de 0,6% nos investimentos, na comparação com o trimestre anterior. Economistas já afirmam que o crescimento econômico para o ano, antes previsto para a casa dos 3%, pode ficar em apenas 1,5%. A greve durou longos dez dias; seus efeitos, infelizmente, continuarão a ser vistos ao longo de 2018.

Fonte: Portal Exame 04.06