A ideia inicial era bem mais modesta: contar com alguns funcionários,
ser uma cervejaria local e ter uma receita anual de US$ 1,2 milhão
Com 73 anos, Koch atualmente é
chairman da Boston Beer e mantém uma agenda de relacionamento constante com
parceiros e fornecedores.
O movimento de retomada do mercado de
cerveja artesanal nos Estados Unidos é creditado a um nome, Jim Koch, o
fundador da Samuel Adams, controlada da Boston Beer Company.
Em 1984, então com 34 anos, ele largou
um emprego de seis dígitos na Boston Consulting Group, foi chamado de 'louco'
pelo pai e resolveu retomar a tradição familiar de mestres cervejeiros na
cozinha da sua casa.
Naquela época, as pequenas cervejarias
vinham perdendo espaço para os grandes conglomerados. O próprio pai o lembrou
dessa realidade, ao que ele respondeu que não pretendia competir com essas
empresas.
A ideia inicial era bem mais modesta.
Contar com alguns funcionários, ser uma cervejaria local e ter uma receita
anual de US$ 1,2 milhão. Passados 38 anos, a companhia tem 2,5 mil
colaboradores, uma receita anual que supera os US$ 2 bilhões e patrimônio líquido
de R$ 4,2 bilhões.
Apesar de ser celebrado como pioneiro
do movimento de retomada das artesanais, Koch é modesto ao reconhecer o que
alcançou.
“Sam Adams é menos de 1% do negócio de
cerveja dos EUA. Então, a realidade é que, após 38 anos de muito sucesso,
basicamente passamos de infinitesimal para minúsculo”, disse à CNBC Make It.
Qual
é a trajetória dele
Quando decidiu empreender no mercado de
cerveja artesanal, Koch tinha como questão central ser rico, permanecendo na
carreira onde estava, ou ser feliz, investindo em algo que gostava e que fazia
parte da sua história familiar.
“Se você prefere ser rico a ser feliz,
você é um sociopata”, afirma. “E eu não era um sociopata. Eu escolhi ser
feliz.”
Ele conta que não havia cervejaria
artesanal de sucesso naquele momento e conseguir avançar com a Samuel Adams,
homenagem a Samuel Adams, um dos fundadores dos Estados Unidos, estabelecendo
um modelo de sucesso pareceu como “destino”.
A começar pelo início da empresa, que
contou com o uso de uma receita antiga da família, desenvolvida pelo tataravô
de Jim, Louis Koch, e que remontava à década de 1860.
O pai, mesmo contrariado com a decisão
do filho, decidiu passar a fórmula do que se tornaria a base para a Samuel
Adams Boston Lager.
Como
a empresa cresceu
Com a cerveja produzida, Koch começou a
oferecer em bares e restaurantes da região. E, a despeito dos grandes grupos
que dominavam distribuição e o consumo, a Samuel Adams conseguiu furar a bolha
e ser eleita a melhor cerveja dos EUA no Great American Beer Festival, no
primeiro ano de lançamento.
A conquista se repetiria também em 1986
e 1987, confirmando a ideia inicial por trás da decisão de Koch, que era.
“Posso fazer o melhor copo de cerveja disponível para o bebedor de cerveja nos
Estados Unidos. Tem que haver um mercado para isso”, afirmou em entrevista à
CNBC.
Em 1995, a empresa fez o seu IPO, com
as ações ao preço de U$ 20 dólares. E, hoje, além da Samuel Adams, reúne outras
marcas como a Angry Orchard, a Twisted Tea e a Truly Hard Seltzer. A Boston
Beer ocupa atualmente a nona colocação como maior cervejaria em volume de
vendas, segundo a América Craft beer.
Como enfrentou o dilema
Ao 73 anos, Koch atua como chairman da
companhia e mantém uma rotina de 60 horas semanais. Diz que passa a maior parte
do tempo fora do escritório, em contato direto com varejistas, consumidores,
distribuidores e com a própria equipe.
“É inestimável para tomar boas decisões
fundamentais. Essencialmente, esse é o meu trabalho – tomar boas decisões para
a empresa – e aprendi que não posso fazer isso sentado em um escritório”,
afirma.
Em seu livro de memórias, "Quench
Your Own Thirst: Business Lessons Learned Over a Beer ou Two" (ou, em
tradução livre, "Mate a sua própria sede: lições de negócios aprendidas
com uma cerveja ou duas"), Koch escreveu: "Faça o que você acha que
vai te fazer feliz ao invés do que vai te deixar rico."
Dono de uma fortuna estimada em US$ 1,6
bilhão, segundo a Forbes, parece ter conseguido aliar riqueza e felicidade.
Fonte: Portal Exame, Outubro 22