Protestos:
paralisação deve levar a aumento da inflação nos próximos meses, segundo o
Morgan Stanley (Leonardo Benassatto/Reuters)
O fantasma da greve segue à espreita, pelo
menos em grupos de WhatsApp Brasil afora. Uma nova paralisação de caminhoneiros, supostamente marcada
para hoje, não passa de “fake news”, segundo o governo. Seja como for, a greve
dos últimos dias deve deixar marcas indeléveis na economia brasileira, como
devem mostrar resultados a serem divulgados a partir desta semana.
Segundo
relatório do banco Morgan Stanley os primeiros efeitos
devem ser vistos na sexta-feira, quando o governo divulga o IPCA de maio, que deve começar
a mostrar o impacto do aumento dos combustíveis e de outros produtos na inflação. Os principais efeitos,
para o banco, devem vir mesmo nos resultados futuros.
“Em virtude da extrema
dependência de caminhões para a logística do Brasil, a greve terá impactos
diretos nos números macroeconômicos de maio e junho, especialmente no
crescimento e na inflação”, afirma o relatório assinado por Arthur Carvalho.
“Podem haver efeitos mais duradouros na confiança, o que pode impactar
principalmente o crescimento, e levar mais incerteza às eleições”.
Um
exemplo de como a greve pode afetar a economia brasileira, segundo o Morgan
Stanley, está na Colômbia, onde uma greve de
caminhoneiros se alongou por um mês e meio em 2016. Por lá, o movimento
derrubou de imediato a produção industrial do país e fez a inflação disparar no
mês seguinte, de cerca de 3% para a casa dos 8% na base anual. O mesmo pode
acontecer no Brasil, sobretudo em produtos frescos, segundo o Morgan Stanley.
Ainda assim, o índice deve ser normalizar no segundo semestre, sem grandes
alterações na inflação final de 2018.
O impacto
econômico, por sua vez, deve ser mais duradouro. Os cálculos iniciais do banco
preveem uma perda de até 0,3 ponto percentual no PIB anual
por um misto de efeitos concretos e de incertezas no longo prazo. O concreto é
preocupante: segundo a empresa de pagamentos Cielo, a queda total no varejo chegou a 28% no
final de maio, mesmo com uma alta de 54% nos supermercados em virtude do
preocupação dos consumidores com a falta de produtos. O longo prazo vai
depender da queda na confiança.
Os números do primeiro trimestre,
vale lembrar, já não foram animadores, com crescimento do PIB de apenas 0,4% e
queda de 0,6% nos investimentos, na comparação com o trimestre anterior.
Economistas já afirmam que o crescimento econômico para o ano, antes previsto
para a casa dos 3%, pode ficar em apenas 1,5%. A greve durou longos dez dias;
seus efeitos, infelizmente, continuarão a ser vistos ao longo de 2018.
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