Estamos em plena Copa da Rússia observando um "status report" dos projetos previstos para serem entregues na copa do Brasil, realizada em 2014 (aquela dos 7x1 para Alemanha, lembrou )! Pode isso Arnaldo?
Freud explica! Aliás, a reportagem a seguir, da Folha de São Paulo, apresenta um status de alguns projetos muito interessantes, previstos para serem entregues na Copa realizada no Brasil.
Durante a leitura, você será convidado a uma reflexão e ao término, talvez conclua imediatamente que gerenciar projetos é complicado no mundo inteiro, pois as informações sobre projetos das últimas Copas, inclusive da Rússia, mostram isso. Mas no Brasil, ganha dramáticas pitadas de final de novela das oito com um bom jogo eliminatório de futebol: "haja coração"! Definitivamente não é para amadores.
Por Fernando Paes, Junho de 2018.
Promessas de mobilidade previstas para o Mundial foram adiadas ou paralisadas
Enquanto
o Brasil se prepara para torcer pela seleção no Mundial da Rússia, obras de mobilidade previstas
para a Copa de 2014 seguem em andamento em oito capitais
brasileiras.
Em
Cuiabá e Fortaleza, as linhas de VLT (Veículo Leve sobre Trilhos)
previstas para a competição não foram concluídas. Em Brasília, onde o mesmo
modal ligaria o aeroporto ao Plano Piloto, as obras nem sequer saíram do papel.
Na
capital de Mato Grosso, o trajeto de 23 km por onde passaria o VLT está
abandonado. Cerca de R$ 1,1 bilhão já foram gastos na obra,
inicialmente orçada em R$ 1,4 bilhão.
"Esses
canteiros só servem pra acumular lixo e água. Lamentável [o governo do estado]
gastar mais de um bilhão nisso aqui", diz a professora Célia Regina Ramos
da Cruz, 47, que mora nos arredores.
O
contrato com o consórcio VLT Cuiabá-Várzea Grande, responsável pela obra, foi
rescindido após operação da Polícia Federal, em agosto de 2017, que apontou indícios de irregularidade na licitação.
Um novo processo está sendo preparado pelo estado.
Em
Fortaleza, os 13 km do VLT Parangaba-Mucuripe também não foram concluídos. A
previsão é que a linha, que atravessa 22 bairros, seja entregue no final deste
ano.
Já em
Brasília, o VLT deu lugar a projetos de BRT, implantados gradualmente na
cidade. Outras obras, como os túneis no trecho entre o centro de convenções e o
estádio Mané Garrincha, também não foram
concluídas.
No
Recife, estão em andamento trechos do complexo viário Ramal da Copa, o Terminal
Integrado de Camaragibe e duas linhas de BRT (via expressa de ônibus).
No
Corredor Norte-Sul, que tem previsão de conclusão em 2019, faltam entregar 2
das 28 estações previstas para a linha que terá 33 km e passará por cinco
cidades do Grande Recife. No Corredor Leste-Oeste, faltam 6 das 22 estações.
Em Porto
Alegre, não foram concluídas as trincheiras da avenida Ceará e da rua Anita
Garibaldi. As obras na avenida Tronco serão retomadas nos próximos dias.
A
prefeitura credita os atrasos à crise financeira --motivo pelo qual obteve um
empréstimo de R$ 120 milhões e remanejou R$ 115 milhões destinados aos BRTs.
Já em
Belo Horizonte, a construção da Via 710, que vai ligar as avenidas dos Andradas
e Cristiano Machado, deve ser concluída apenas no primeiro semestre de 2019.
Em Natal,
ainda falta concluir a via de acesso ao Aeroporto Governador Aluízio Alves. Já
em Curitiba, onde 6 das 7 obras previstas para a Copa foram entregues, restou a
reforma do Terminal do Santa Cândida, que será retomada após quase dois anos
parada.
Nas
demais capitais, as principais obras de mobilidade já foram entregues. Mas nem todas elas saíram conforme o inicialmente planejado.
Em
Salvador, a linha de metrô ligando o centro da cidade ao aeroporto ficou pronta
a tempo apenas da Copa do Mundo da Rússia. A Estação Aeroporto foi inaugurada
em abril deste ano.
Em
Manaus, o plano inicial de fazer um monotrilho e um BRT acabou sendo adaptado.
A prefeitura criou um sistema de corredores de ônibus chamado Faixa Azul --cor
da tinta pintada no asfalto para separar o transporte público do restante do
tráfego. Na prática, o sistema é pouco respeitado pelos motoristas.
Em São
Paulo, o monotrilho da linha 17-ouro também está inacabado.
O projeto, contudo, foi retirado da matriz de responsabilidades após a escolha
do Itaquerão --e não do Morumbi-- como estádio usado na Copa.
No Rio e
em Belo Horizonte, as principais obras de mobilidade ficaram prontas a tempo da
Copa de 2014. Mas isso não evitou percalços posteriores.
Com custo
de R$ 2 bilhões, o BRT Transcarioca está sob investigação do Ministério
Público Federal. O ex-secretário de Obras Alexandre Pinto está preso sob
acusação de cobrar propina na construção.
Ligando a
zona oeste ao aeroporto internacional do Galeão, é utilizado diariamente por
234 mil pessoas --menos do que os 320 mil previstos. O Consórcio BRT afirma que
a eficiência do corredor poderia melhorar com uma pavimentação mais adequada.
Também há
pendências em Belo Horizonte. O BRT já atende a 700 mil passageiros por dia em
três corredores de ônibus com 23 km, mas obras complementares têm problemas: o
viaduto construído na região da Pampulha desabou em plena Copa do Mundo, no dia 3 de julho
de 2014, deixando dois mortos e 23 feridos.
Quatro
anos depois, o caso permanece sem solução. Não houve pagamento de indenização
às vítimas e a consultoria de engenharia Consol e a construtora Cowan ainda não
fecharam um acordo com o Ministério Público para ressarcir a prefeitura.