Única arena olímpica sem evento-teste, instalação é aprovada por atletas, mas ainda há acabamentos pendentes. Nuzman corta o dedo e brinca: "Chave sofrida essa"
Obra mais atrasada dentre todas as arenas olímpicas, o Velódromo foi entregue na manhã deste domingo pela Prefeitura do Rio de Janeiro ao Comitê Rio 2016. A arena foi a única a não receber evento-teste devido aos sucessivos problemas no cronograma de construção, mas a 40 dias dos Jogos está com a área de competição praticamente pronta. A venue ainda fica devendo muito no quesito acabamento e passa por ajustes finais na fachada - cuja conclusão foi motivo de preocupação para o Comitê Olímpico Internacional (COI) e para a União Ciclística Internacional (UCI).
Velódromo é oficialmente entregue pela Prefeitura ao Comitê Rio 2016 (Foto: Andre Durão)
O prefeito Eduardo Paes explicou que o adiamento da inauguração de sábado à tarde para este domingo de manhã se deu justamente para melhorar a aparência da área externa da arena. Neste sábado o GloboEsporte.com visitou o Parque Olímpico e observou que pouco mais da metade das placas de metal da fachada haviam sido instaladas. Operários trabalharam durante toda a noite para cobrir toda o entorno do prédio. É possível notar, no entanto, que há assimetria e que algumas não estão perfeitamente afixadas.
Carlos Arthur Nuzman leva o dedo cortado á boca: dirigente brincou com fato (Foto: Andre Durão)
- Eu não queria entregar essa chave para o Nuzman sem todas as placas da fachada. Botamos a turma para trabalhar a noite inteira. A gente ainda tem alguns detalhes, como as arquibancadas temporárias. Mas o que a gente chama de "field of play" está todo pronto. É um momento de muita alegria, porque é a última arena - disse Paes.
Ao receber a chave simbólica do Velódromo, Carlos Arthur Nuzman acabou sofrendo um corte no dedo. O presidente do Comitê Rio 2016 brincou com a situação.
- Chave sofrida essa...- sorriu.
Palco do ciclismo de pista na Olimpíada, o Velódromo passa a ser administrado pelo Comitê Organizador seis meses após o prazo previsto para conclusão de sua construção. Orçada inicialmente em R$ 118 milhões, a instalação custou R$ 143 milhões aos cofres do Governo Federal após uma série de imbróglios burocráticos.
A novela começou com a constatação de que o Velódromo construído para os Jogos Pan-Americanos de 2007 não atendia às exigências do COI. Para a execução de um novo projeto foi aberta uma licitação, vencida pela empresa Tecnosolo, que enfrentava um processo de recuperação judicial.
Placas da área externa foram finalizadas de sábado para domingo, mas apresentam pequenas falhas (Foto: Andre Durão)
As obras deveriam ter começado em fevereiro de 2014, mas demoraram quatro meses até sair do papel. A Tecnosolo alegou erro no projeto fornecido pela Prefeitura e recebeu um aditivo de R$ 24,8 milhões para solucionar a questão.
A empresa, no entanto, não conseguiu honrar com os compromissos, foi notificada pela Prefeitura e solicitou a contratação da empreiteira Engetécnica, para a conclusão dos trabalhos. Em abril finalmente foi iniciada a montagem da pista de pinho siberiano, e em maio a Prefeitura rescindiu o contrato ainda em vigor com a Tecnosolo. A Engetécnica tornou-se a única responsável pela conclusão do projeto, agora em sua reta final.
Entrega do Velódromo teve presença de uma dúzia de autoridades (Foto: Andre Durão)
- O que vocês veem aqui reflete o que vão ver durante os Jogos. Preciso me virar para a pista. Temos todos os atletas aqui, e é disso que se trata. Esse Velódromo foi incrivelmente complicado para chegar nesse estágio, mas com esforços combinados, em especial da UCI, encontraram-se soluções - disse o diretor esportivo do COI, Christophe Dubi.
Devido ao não cumprimento do cronograma, o evento-teste que seria realizado no local foi adiado duas vezes até ser cancelado. Neste fim de semana, com a área de competição praticamente finalizada, atletas puderam treinar e competir na modalidade omnium no local. A pista foi motivo de surpresa positiva por parte dos atletas. Neste domingo e na segunda-feira também há janela de treinamentos e competição no local.
- A pista é muito boa, mas ainda estamos no meio de uma construção e há poeira. Não tenho dúvida de que há tempo para ficar tudo pronto. Esta será minha primeira Olimpíada e está sendo uma grande vantagem poder vir aqui e já conhecer a estrutura, assim como o clima. Não acho que um evento-teste oficial faça falta por termos essa oportunidade de treinar aqui. O importante é conhecermos a pista - disse o ciclista suíço Gael Suter.
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