Falar de gestão à distância ainda provoca reações divididas. Há quem defenda com entusiasmo e quem torça o nariz. Mas a verdade é uma só: trabalhar com equipes distribuídas, gerindo o time "remotamente" já é uma realidade e cada vez mais, será uma necessidade estratégica.
Vamos aos números
Pesquisas recentes confirmam o que muitos de nós já percebemos no dia a dia:
Dados de 2024 e 2025, de instituições relevantes como Harvard Business Review, Stanford, Owl Labs e Global Workplace Analytics, sugerem que times remotos com metas bem definidas e autonomia conseguem ser até 35% mais produtivos.
Segundo a Buffer (plataforma de gestão de redes sociais), 98% dos profissionais desejam manter o trabalho remoto (total ou parcial).
Aqui no Brasil, o número de trabalhadores remotos segue em crescimento constante, segundo o Comitê Gestor da Internet.
Ou seja, o que para alguns ainda é uma tendência, para mim é um caminho sem volta.
Maturidade é a base de tudo
Se tem algo que diferencia um time remoto de alta performance, de outro que só entrega o básico, é maturidade. Não estou falando só de experiência, mas de responsabilidade, disciplina e foco em resultado.
Equipes maduras não precisam de vigilância, precisam de clareza. Sabem o que fazer, como fazer e por que fazer. Quando esse cenário está posto, o controle vira apenas uma ferramenta de apoio, não uma algema.
Controle: não dá para abrir mão
Claro que o controle continua sendo importante. A boa fé do time ajuda e deve ser levada em consideração, mas não pode ser o único pilar da gestão.
A diferença é como o controle é aplicado. Há diversas ferramentas e sistemas de gestão de projetos e processos, com dashboards fantásticos e KPIs que ajudam a acompanhar entregas, além de fornecer todo a orientação e suporte necessário ao time.
Com um planejamento bem realizado, o controle passa a ser uma realidade. Com as ferramentas adequadas, o monitoramento permitirá entender se estamos no caminho e corrigir as todas quando necessário, para alcançarmos os resultados.
Alinhar regras evita ruídos
Um dos maiores erros de quem implementa o modelo remoto de qualquer maneira é não deixar claras as regras do jogo. Isso inclui acordos de entrega, canais de comunicação, horários e cultura de feedback.
Tudo precisa estar alinhado, registrado e, acima de tudo, compartilhado com o time.
Quanto menos maturidade, mais acompanhamento
Essa é uma regra simples, mas muitas vezes ignorada: o grau de maturidade do time define o nível de controle necessário. Se a equipe ainda está desenvolvendo autonomia, o acompanhamento precisa ser mais próximo, mais constante e, principalmente, mais explícito.
Esse acompanhamento não deve recair sobre um único líder. Como estratégia é essencial que as lideranças em diferentes níveis sejam preparadas com método e ferramentas adequadas para exercer esse papel com consistência.
Apoiadas por uma estrutura clara, essas lideranças devem atuar como pontes entre a gestão e os times, garantindo alinhamento, clareza nas entregas e correção de rota sempre que necessário.
Investir nessa preparação é o que diferencia empresas que apenas sobrevivem do remoto daquelas que realmente extraem valor dele.
Concluo afirmando que gerir equipes à distância funciona. Mas é necessário ter mais do que boa vontade, para viabilizar este modelo. É preciso: estrutura, cultura de responsabilidade, ferramentas adequadas, alinhamento muito claro, além de treinamento.
Com esses cinco pontos bem amarrados, a distância deixa de ser barreira e passa a ser só mais um detalhe do modelo de trabalho.
Por Fernando Paes, Agosto de 2025