O avanço contínuo do novo Coronavírus levou a Organização Mundial da Saúde (OMS) a defini-lo como pandemia. Diante disso, neste momento, as empresas podem estar expostas a uma série de riscos estratégicos e operacionais, como atrasos ou interrupção do fornecimento de matérias-primas, mudanças nas demandas de clientes, aumento de custos, insuficiências logísticas que levam a atrasos em entregas, questões de saúde e segurança de funcionários, força de trabalho insuficiente e desafios referentes a importação e exportação de produtos.
A Deloitte, levantou as principais práticas utilizadas por empresas de todo o mundo em Planos de Continuidade de Negócios (BCP) e gerenciamento de grandes emergências de pneumonias infecciosas atípicas, Influenza H1N1, Febre Hemorrágica do Ebola e outras importantes doenças, analisou os dados obtidos e fez algumas recomendações interessantes para orientar empresas, principalmente no atual contexto. A seguir, elencadas as 10 ações propostas pela Deloitte para lidar com as incertezas futuras:
1. Estabelecer equipes de tomada de
decisões de emergência
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As empresas devem estabelecer imediatamente equipes de tomada de decisão
para assuntos urgentes temporários, como uma “Equipe de Resposta a Emergências”
ou um “Comitê de Gestão de Grandes Emergências” para definir os objetivos a
serem alcançados e criar um plano de emergências, além de garantir que as
decisões possam ser tomadas o mais rápido possível em diferentes situações;
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Quanto aos membros desse comitê, a empresa deve avaliar seus próprios
profissionais e, se necessário, trazer novos para adequar seus negócios às
características regionais.
2. Avaliar os riscos e esclarecer
mecanismos de resposta a emergências, planos e divisão de trabalho
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Muitas empresas já possuem “planos de contingência de emergências” ou
“planos de sustentabilidade de negócios”, geralmente implementando-os
imediatamente em caso de grandes emergências;
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Se uma empresa não dispor de tais planos, ela deve fazer uma avaliação
imediata e abrangente de todos os riscos, incluindo questões com funcionários,
terceiros, governo, demais públicos externos e toda a sua cadeia logística. De
acordo com a avaliação de riscos, a empresa deve responder a questões
relacionadas ao espaço do escritório, planos de produção, compras, fornecimento
e logística, segurança dos funcionários e capital financeiro, assim como cuidar
de outros assuntos importantes relativos aos planos de emergência e divisão de
trabalho.
3. Estabelecer um mecanismo positivo de
comunicação de informações para funcionários, clientes e fornecedores, e criar
documentos de comunicação padronizados
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É importante estabilizar cadeias logísticas de suprimentos e dar
segurança a funcionários e parceiros externos, assim como fortalecer o
gerenciamento de informações e serviços aos clientes para evitar uma visão
negativa decorrente de negligência ou inconsistência;
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Ao mesmo tempo, o sistema de informações existente na empresa deve ser
usado para coletar, transmitir e analisar informações da pandemia e emitir
imediatamente avisos de riscos.
4. Manter o bem-estar físico e mental
dos funcionários e analisar a natureza de diferentes negócios e trabalhos para
assegurar a adequada retomada desses trabalhos
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De acordo com a mais recente pesquisa de
recursos humanos da Deloitte sobre respostas a epidemias, 82% das empresas
acreditam que “condições de trabalho flexíveis” são essenciais para os profissionais.
Recomendamos que empresas estabeleçam imediatamente mecanismos de férias e
trabalho flexíveis, com o suporte de tecnologias, com parâmetros de trabalho
não presencial e à distância durante períodos específicos;
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Além disso, a empresa deve estabelecer um sistema de monitoramento de
saúde dos funcionários e manter a confidencialidade das informações sobre a sua
saúde;
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As empresas devem garantir a segurança de ambientes de trabalho,
limpando e desinfetando com rigor locais de trabalho de acordo com as
exigências de gestão das autoridades sanitárias e de saúde pública nacionais e
regionais em períodos de grande propagação de doenças infecciosas;
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As empresas devem fortalecer a educação sobre segurança durante
pandemias, estabelecer diretrizes de proteção pessoal para funcionários
baseadas em fatos e aumentar a conscientização sobre segurança e prevenção de
riscos.
5. Foco em planos de resposta a riscos
da cadeia logística de suprimentos
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Grandes empresas geralmente providenciam com antecedência o uso de
instalações de escritórios similares em outras regiões, que possuem a mesma
capacidade de áreas afetadas, para que o trabalho na “área infectada” possa ser
rapidamente retomado ou para que a produção não cesse devido à falta de
capacidade ou de matérias-primas;
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Na gestão de estoques, organizações devem considerar o prolongamento do
ciclo de uso das mercadorias, causado pelo bloqueio de consumo, o aumento de
custos financeiros associados e a pressão no fluxo de caixa. Ao mesmo tempo, em
setores com longos ciclos de produção, organizações devem se preparar
antecipadamente para a retomada do consumo com a redução da pandemia, para
prevenir riscos de estoques insuficientes.
6. Desenvolver soluções para riscos de
conformidade e manutenção de relacionamento com clientes decorrentes da
inabilidade de retomar a produção em curto prazo
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Após um surto, organizações devem cooperar com clientes para entender
mudanças do mercado e administrar o impacto da retomada;
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Leis sobre o cumprimento de contratos civis e comerciais devem ser
observadas, já que nem todos os não cumprimentos durante uma pandemia podem ser
isentos de consequências legais;
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As empresas devem identificar e avaliar os contratos cujo cumprimento
pode ser afetado e prontamente avisar a parte relacionada para mitigar
possíveis perdas, assim como avaliar se é necessário firmar um novo contrato e
manter evidências para uso em possíveis processos civis.
7. Prática de responsabilidade social e
gerenciamento de partes interessadas e incorporação de estratégias de
desenvolvimento sustentável às tomadas de decisão
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As empresas devem seguir o planejamento e os planos de ação unificados
do governo local;
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A divulgação adequada de informações corporativas pode melhorar a imagem
de uma empresa;
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A mais importante prática é a de conseguir implementar responsabilidade
corporativa social nos setores ambiental, social, econômico e de estabilidade
de funcionários, assim como coordenar relações com a comunidade e fornecedores.
É necessário avaliar o possível impacto e a duração da pandemia, ajustar planos
e, quanto aos acionistas ou conselho diretivo, comunicar medidas propostas e
resultados de avaliações.
8. Criar um plano de gestão de dados
dos profissionais, garantindo segurança e confidencialidade de informações
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As empresas devem estabelecer bons mecanismos de gestão de dados de
profissionais, terceirizados, fornecedores, parceiros e outros profissionais
com os quais mantêm contato;
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Também é necessário formular tempestivamente planos de resposta a
emergências de segurança de informações para assegurar a estabilidade da
operação. Oferecer suporte à distância e interno 24h por dia, 7 dias por
semana, para garantir o monitoramento de computadores, servidores, redes,
sistemas, aplicativos e outros recursos de informática e, assim, possibilitar
que profissionais que trabalham à distância, e que os que trabalham
internamente na empresa conduzam suas atividades;
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As empresas também devem proteger a confidencialidade de dados pessoais
e dados preliminares de exames clínicos, especialmente aqueles que são
pacientes (sejam clientes ou colaboradores), controlar estritamente o acesso, a
transmissão e o uso desses dados. Para dados médicos e clínicos, devem ser
estabelecidos controles de acesso e níveis de proteção.
9. As empresas precisam considerar
ajustes em seus orçamentos e planos de implantação, planejamento de fluxo de
caixa e mecanismos de notificação prévia para comércio internacional
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Aconselhamos que as empresas fiquem atentas ao seu fluxo de caixa,
ajustem o seu cronograma de recebimentos e pagamentos para garantir recursos de
acordo com o ritmo de fornecedores e planos de trabalho dos funcionários;
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Além disso, é necessário prestar muita atenção à situação de importações
e exportações no comércio internacional, especialmente às mudanças repentinas
ou desastres em locais de onde grande parte dos produtos se origina, o que
afetará o comércio e poderá gerar grandes perdas também para a empresa. Para
prevenir tais eventos, empresas devem estabelecer “plano de cenário” de
emergência para fornecedores essenciais o mais rápido possível, o que pode
incluir planos de hedge utilizando contratos futuros, comércio
internacional e transporte, além de fornecedores alternativos.
10. Melhoria dos mecanismos de gestão
de risco
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O relatório da Pesquisa de Gestão de Risco
Empresarial da Deloitte mostra que 76% dos gestores de risco acreditam que suas empresas
poderiam responder de maneira eficiente se uma grande emergência
acontecesse amanhã. Mas só 49% das empresas desenvolveram manuais relevantes e
fizeram testes prévios baseados em cenários de emergência, sendo que somente
32% das empresas conduziram exercícios de simulações de emergência ou
treinamentos;
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Entendemos que a maioria das empresas deve encarar eventos de risco
inesperados a qualquer momento − não há dúvida de que eventos desse tipo irão
acontecer, mas não há como prever sobre quando irão acontecer. As empresas devem
estabelecer ou melhorar seus sistemas de gestão de risco para identificar os
riscos-chave e desenvolver planos para mitigá-los. Fortalecer o sistema de
gestão de riscos é tão importante quanto lidar com eventos negativos quando
eles se concretizam.
Extraído e Adaptado do Portal Deloitte.com