Aos amigos, uma matéria especial do portal EXAME que confirma tudo o que tenho discutido e trabalhado com o público para o qual presto consultorias, ministro aulas, palestras... Vejam como está interessante o mercado, dito por quem está em campo. Boa Leitura!!!
Todo mundo quer contratar gerentes de projeto
Responsável por assegurar a entrega das diversas obras em andamento no
Brasil, o gerente de projetos é o profissional que tem vaga em praticamente
todos os mercados
Daniela Moreira, da VOCÊ SA
Alex Julian, do Citibank: o gerente de projetos deve ter atitude de líder
São Paulo - Construir uma plataforma de petróleo, colocar um estádio de
futebol de pé, fabricar um novo modelo de avião, levar ao ar um novo software corporativo.
A rotina de um gerente de projetos inclui tarefas tão complexas e abrangentes
como essas. É ele quem garante que tudo será entregue no prazo prometido,
dentro do orçamento previsto, utilizando os recursos certos e com o mínimo de
risco possível.
Em tempos de crescente pressão para se fazer mais com menos, a demanda
por esse profissional está em alta no mundo todo. De acordo com o Project
Management Institute (PMI), associação que reúne e certifica profissionais do
setor, serão criados 13 milhões de novos postos para gerente de projetos
globalmente até 2020.
Com Copa
e Olimpíada no horizonte, reservas de petróleo no pré-sal a serem exploradas e
obras de infraestrutura a todo vapor, o Brasil ostenta uma constelação de
projetos a serem entregues.
O país tem a quinta maior demanda por gerentes de projetos do mundo. Nos
próximos sete anos, serão necessários mais de 1,3 milhão de profissionais para
dar conta do recado. “O capital investido nesses projetos é altíssimo e
qualquer falha representa um prejuízo enorme”, diz Ricardo Triana,
vice-presidente do conselho diretivo do PMI.
Diante de tanta responsabilidade, a recompensa é alta. O salário médio
de um gerente de projetos no Brasil, segundo levantamento do PMI, é de 12 000
reais mensais. De acordo com a consultoria de recrutamento Michael Page, os
contracheques variam de 8 000 a 18 000 reais, em média, mas é possível
encontrar profissionais ganhando até 50 000 reais.
“O que determina o valor é a experiência da pessoa e o quanto ela pode
trazer de retorno para a empresa”, diz Lucas Toledo, gerente executivo da
Michael Page. “Em um grande projeto, como uma mina, por exemplo, uma entrega
antecipada significa uma economia de milhões.”
De olho nesses potenciais benefícios, a Rolls-Royce, que opera
nas indústrias naval, de energia e defesa civil, entre outras, firmou uma
parceria com a Universidade de Manchester para trazer ao Brasil um programa
diferenciado de formação de gerente de projetos. A iniciativa nasceu no Reino
Unido, em 1999, de uma parceria entre a universidade e a empresa, e foi
replicada apenas em outros dois países: Estados Unidos e Singapura.
No exterior, o programa de mestrado já capacitou mais de 400 alunos —
148 deles funcionários da Rolls-Royce. A iniciativa de trazer o programa para o
Brasil partiu da Universidade de Manchester e foi abraçada pela Rolls-Royce,
que patrocinará integralmente o custo de 60 000 reais por aluno para matricular
seus funcionários no curso.
A primeira turma deve iniciar o programa até meados de 2014 e as aulas
serão oferecidas em parceria com uma instituição acadêmica brasileira — a
universidade inglesa está em negociações com Fundação Getulio Vargas,
Universidade de São Paulo
e Coppead (da Universidade Federal do Rio de Janeiro). Empresas parceiras da
Rolls-Royce, como Petrobras, British Gas e Embraer, também serão convidadas a
matricular alunos no programa.
Essa não é uma iniciativa isolada.
Segundo o PMI, o volume de cursos voltados a capacitar gerentes de projetos em
universidades brasileiras cresceu 80% nos últimos cinco anos. Mesmo assim, as
certificações ainda são uma importante porta de entrada para quem quiser
ingressar nessa carreira. O objetivo delas é comprovar os conhecimentos
técnicos e a experiência dos profissionais da área.
Há diferentes níveis e modalidades, com diversas entidades
certificadoras no mercado. Na teoria, elas são mais um pré-requisito do que um
diferencial. Mas, em alguns casos, acabam impactando na remuneração — de acordo
com a Michael Page, uma certificação pode representar um aumento imediato de
até 2 000 reais no salário do profissional e ainda tem o potencial de abrir
novas portas.
Outras habilidades
Mas, se a certificação ajuda a abrir portas, o sucesso de um gerente de
projetos na carreira depende de um conjunto mais amplo de fatores. O
conhecimento das ferramentas e das técnicas de gestão de projetos é só uma
parte do pacote. Além da capacidade de aplicar esses recursos, o bom gerente de
projetos precisa de habilidades interpessoais, como capacidade de liderança,
comunicação, negociação e empatia.
“Saber lidar com gente é fundamental, pois quem entrega o projeto não é
o gerente, é a equipe”, diz Alex Julian, de 35 anos, gerente de projetos,
programas e portfólio do Citibank.
Pós-graduado em gerenciamento de projetos pela Fiap e certificado em project
management professional (PMP) pelo PMI, ele acredita que o bom gerente de
projetos não é aquele que só controla planilhas, mas quem se comunica bem com o
time, entende seus problemas e ajuda a resolvê-los.
“É fundamental conhecer bem todos os envolvidos no projeto para entender
qual o tipo de comunicação ideal. Não adianta fazer um relatório gigante de
andamento do projeto para um diretor que vai ler no Blackberry”, diz Alex.
Durante a implementação de um projeto de integração da plataforma de
negociação da BM&FBovespa com a bolsa de Chicago, ele criou um jornalzinho
impresso para comunicar o andamento do processo a todas as áreas envolvidas.
“Isso fez com que pessoas que estavam lá no fim da cadeia, que estavam fora das
discussões mas que seriam afetadas pelas mudanças, entendessem o que estava
acontecendo e pudessem trazer contribuições”, diz Alex.
Situações extremas
A capacidade de lidar com a pressão é outro pré-requisito desse
profissional. O brasileiro Ricardo Vargas, de 40 anos, diretor do Grupo de
Práticas de Gestão de Projetos Sustentáveis do Escritório de Serviços de
Projetos das Nações Unidas, sente isso na pele todos os dias.
“O papel de um gerente de projetos é sempre buscar eficiência. A
diferença é que, na iniciativa privada, o fracasso significa perder dinheiro.
Aqui pode significar vidas”, diz.
À frente de uma equipe de 300 gerentes de projetos e de um orçamento de
1 bilhão de dólares, ele é responsável por iniciativas que vão desde construir
uma estrada no Afeganistão até erguer uma escola na África. “A pressão é 24
horas por dia. Ninguém liga para dizer que está tudo bem”, diz Ricardo.
A chave para o sucesso na profissão, de acordo com Ricardo — que antes
de ser convidado para assumir o posto nas Nações Unidas liderou projetos de
dezenas de bilhões de dólares em companhias privadas como Gerdau, Bradesco e
Andrade Gutierrez —, é ter capacidade de liderança e visão do todo.
“O técnico não precisa ter sido o
jogador mais brilhante. Ele tem de entender como o jogo é jogado e criar
modelos de incentivo para que os jogadores trabalhem como um grupo, e não como
um bando desordenado”, diz Ricardo.
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